Uma palavra para 2023
Nas aulas de inglês nesse fim de ano, pedi que os alunos pensassem em uma só palavra ou expressão que resumisse 2023 pra cada um deles. É um exercício interessante buscar sintetizar dessa forma a essência de todas as suas vivências nos últimos 365 dias. Pra mim, o adjetivo que melhor representou meu ano foi surprising (surpreendente). [No inglês, podemos formar adjetivos ao adicionar o sufixo -ing a determinados verbos. Por exemplo: surprise (surpreender) → surprising (surpreendente). Inspire (inspirar) → inspiring (inspirador). Fascinate (fascinar) → fascinating (fascinante)].
Quando 2023 começou, tentei fazer planos pro futuro, mas não consegui. Em janeiro, me forcei a escrever minha lista de metas, porque, afinal, é o que sempre havia feito; mas, ao revisitá-las, elas me parecem tão desprovidas de vontade, tão mecânicas - sei que não é assim que uma meta de verdade funciona.
Então falhei em imaginar o futuro e escrevi metas vazias que não tinha ímpeto verdadeiro de cumprir. E que bom! Porque o ano tratou de me pegar de surpresa: me surpreendi com acontecimentos inimagináveis - como quando vi um meteoro; me surpreendi com meu próprio comportamento ao deixar de lado a tentativa de controle que sempre me foi característica; me surpreendi ao me abrir pro inesperado e a vida colocar em meu caminho uma pessoa maravilhosa; me surpreendi ao descobrir que tem algo forte em mim que me lembra que meu compromisso de vida é ser feliz.
Mas, pra além de tudo isso, o mais inesperado foi descobrir uma versão de mim mesma que até então eu não havia acessado. Foi quase como se despir e descobrir em si uma tatuagem que já estava ali, gravada na pele, de dentro pra fora, que já existia desde sempre - mas só agora havia sido descoberta. Essa versão já estava aqui, mas eu sequer poderia supor. E agora me encanta pensar quais outras versões de mim vou descobrir no futuro.
E, ao fazer esse exercício com meus alunos, cinco deles coincidentemente escolheram a mesma palavra: changes (mudanças). Algumas outras foram resilience (resiliência), adaptation (adaptação), growth (crescimento). Um deles falou que a palavra foi permission (permissão), porque, como homem gay que havia experienciando um namoro traumático no passado, ele finalmente se permitiu amar e viver um novo relacionamento nesse ano (achei lindo e claro que nos emocionamos na aula com a fala dele). Enfim, foram várias reflexões que esse conceito tão simples de resumir o ano foi capaz de gerar. ♡
E a outra proposta era pra pensar numa palavra (ou ideia, termo, expressão) para guiar seu 2024. Pra que ao longo do próximo ano todo você guarde isso em mente e relembre o que te fez escolhê-la. Pra mim, é ler & escrever. São duas coisas que amo e que sempre fizeram parte de mim, mas que acabaram sendo preteridas nos últimos tempos. Em 2024, me comprometo a mergulhar de verdade nisso.
Tô muito curiosa pra saber quais são as palavras de vocês - a que melhor representa seu 2023 e a que vai guiar seu próximo ano. Me escrevam contando? E como a vida não dá mesmo ponto sem nó, acabei de abrir a última newsletter de 2022 (e me emocionei aqui relendo 🥹) e olha a coincidência absurda! Minha frase final foi justamente essa: “(...) que 2023 seja cheio de surpresas maravilhosas!”. Preciso parafrasear Machado de Assis: Digam o que quiserem dizer os céticos: a vida é uma coisa mágica.
Muito, muito, muito obrigada pela companhia de sempre! Que em 2024 a gente tenha tempo, energia e vontade pra dedicar à palavra/idea escolhida como norte para o próximo ano. ♡
Helene.